quarta-feira, 20 de abril de 2011

terça-feira, 5 de abril de 2011

Educação e comunicação

Por volta de 1950, para ouvir uma notícia usava-se um aparelho chamado galena, semelhante a um rádio que apenas uma pessoa conseguia ouvir e contava para os outros. Hoje um telefone celular, por exemplo, é também rádio, fotografa, tem acesso à internet e uma pessoa, ao ligar para outra, consegue vê-la na tela.
Num espaço de tempo considerado curto, 60 anos, a evolução foi enorme, trazendo consequências para a educação, já que os meios de comunicação influenciam a vida das pessoas. A educação também obteve progressos, porém esses não ocorreram na mesma proporção.
Há cerca de 40 anos, já existia a televisão e, assim como ela, o telefone era luxo para poucos. No entanto, na zona rural, os progressos demoraram um pouco mais para chegar, até mesmo pelo baixo poder aquisitivo da maioria dos moradores. O rádio de pilhas era um bem valioso, apenas o pai podia tocar nele, tinha um lugar especial na casa e as famílias se reuniam para ouvir músicas sertanejas, jogos da copa, acompanhar as eleições e outras notícias importantes. A televisão chegou ao interior uns anos mais tarde, era de catorze polegadas, preto e branco e a bateria. Para recarregá-la percorriam quilômetros a pé ou a cavalo, mas todo esforço era recompensado na hora da novela.
Parece que as pessoas dialogavam muito mais! Hoje é possível falar ou receber informações, em tempo real, do outro lado do mundo. No entanto, o computador não é capaz de transmitir afeto, brilho nos olhos, carinho. Sentimentos esses que muito se via na família reunida ao redor do fogão a lenha contando histórias, nos grupos de jovens que nos domingos conversavam, tomavam chimarrão, cantavam e se divertiam e nas crianças que, com poucos recursos, brincavam de rodas cantadas, bolas de pano ou pesadas abóboras que as meninas imaginavam ser suas bonecas.
É claro que os meios de comunicação facilitaram muito a vida das pessoas, oportunizando-as o acesso a uma gama imensa de informações, mas não se pode simplesmente classificar a época do radinho a pilha como antiga ou ultrapassada. Nesse tempo, tudo o que era feito (o trabalho, as brincadeiras, as histórias) vinha carregado de valores, significado, pois se tratavam da cultura daquele povo.

As novas tecnologias trouxeram muitos avanços
em todas as áreas e na educação, claro, também provocou mudanças pois os meios de comunicação interferem diretamente na vida das pessoas. É possível comunicar-se com o outro lado do mundo, conhecer pessoas, ter praticamente todas as informações possíveis para qualquer tema que se imagine. No entanto, o que deve ser feito com tudo isso? Se não melhora a vida das pessoas e suas relações essa imensidade de informações não tem sentido algum. É comum vermos, atualmente, nas famílias brasileiras, o pai assistindo TV na sala, as crianças no quarto e a mãe na cozinha, todos frente a uma televisão e cada um assistindo a um programa diferente. E o diálogo? Os meios de comunicação, as novas tecnologias são excelentes, nos proporcionam muitas possibilidades, mas precisam ser usadas com moderação, bom senso e consciência.
Quanto à educação, há quarenta anos, apenas uma professora atendia cerca de cinquenta alunos, de 1ª a 5ª série, fazia a merenda e também limpava e administrava a escola. Esta estava fortemente ligada à religiosidade da comunidade e a professora era também catequista e organizava os encontros religiosos. O professor era muito mal remunerado, mas tinha o respeito e a valorização da localidade, sendo uma autoridade e um conselheiro para alunos e pais. O conhecimento era transmitido nas salas de aula e o professor era considerado uma fonte de saber. Os textos e livros eram lidos, mas não analisados criticamente e o aluno tinha uma postura passiva, de mero receptor do conhecimento.
O material escolar que se tinha era um lápis preto com a borracha na ponta, um caderno de doze folhas e um bloco feito pelos pais com papel de embrulhos (papel que enrolava as mercadorias compradas no armazém, pois não havia embalagens plásticas). O livro era comprado pelos pais e servia para todos os filhos, passando dos maiores para os menores. Os meninos levavam o material no bocó, usado a tiracolo, e as meninas carregavam numa sacolinha, também de pano.
Nos dias de hoje, os alunos têm todos os recursos e materiais necessários e, muitas vezes, não valorizam o estudo e desrespeitam colegas e professores. Eles dispõem de toda uma estrutura organizada especialmente para eles e sua aprendizagem, como biblioteca, transporte, merenda variada e de boa qualidade, salas confortáveis (com ventilador, ar condicionado, bebedouro), uma professora ou até mais de uma para atender uma única turma com, no máximo, trinta alunos. Além disso, todos têm acesso aos mais variados meios de comunicação e fontes de informação. Sobram estímulos, recursos e materiais didáticos e faltam valores, que a escola sem cessar tenta resgatar.
Atualmente, é valorizada a ideia da construção do conhecimento, em que os alunos podem expressar suas opiniões, e suas vivências e particularidades são respeitadas e valorizadas.
Educação e comunicação estão fortemente relacionadas, pois para ensinar e aprender é necessário comunicar-se. No entanto, ambos evoluíram, mas não na mesma proporção. Enquanto a comunicação possibilita, por exemplo, o ensino a distância em que os alunos interagem e se ajudam estando cada um em sua casa, ainda, na educação, existem escolas nos moldes do ensino tradicional.
Pensando um pouco mais sobre a comunicação, é possível perceber que ela proporciona muitos benefícios e facilidades, mas também apresenta aspectos negativos, ligados ao mau uso e à utilização inconsciente e inadequada da tecnologia, como alienação frente à televisão e, principalmente, o computador. Nesse há muitos sites proibidos (pornográficos, drogas, que manipulam e estimulam bulimia, anorexia, consumismo) e até crimes são cometidos por meio dessa máquina como pedofilia, roubo e corrupção.
Por outro lado não podemos esquecer o lado positivo de todos os avanços tecnológicos: o acesso a um grande número de informações e acontecimentos de todas as partes do mundo em tempo real, manter contato com parentes e amigos distantes e os cursos a distância.
A EAD (Educação a Distância) proporciona inúmeros benefícios, como: estudar sem precisarmos sair de casa; comunicar-se com várias pessoas ao mesmo tempo; aprendizagem por meio da pesquisa, investigação e reflexão; autonomia do aluno na organização do seu tempo de estudo; intercâmbio maior de saberes (possibilitando comunicação em rede, de várias pessoas ao mesmo tempo); incentivo à colaboração, trabalho coletivo e ajuda mútua; praticidade; troca de experiências, esclarecimento de dúvidas e modificação dos resultados rapidamente; além do equilíbrio entre as necessidades e habilidades individuais e as do grupo. As dificuldades enfrentadas para usufruir desses benefícios foram a pouca experiência nessa modalidade de ensino, insegurança no uso do computador como principal ferramenta de estudo e a ocorrência de aulas presenciais em dias não favoráveis para todos. Para superá-las o grupo se reúne, debate, conversa, se ajuda mutuamente, por telefone troca informações sobre o curso e se organiza. Isso acontece não só entre o grupo, mas com outras colegas também.
Já, em relação ao povo do campo, que é o foco do nosso curso, os meios de comunicação e, principalmente, a EAD contribuem no aperfeiçoamento dos professores para trabalharem com a sua realidade (alunos do campo), levam para esse meio a tecnologia e muitas informações e contribuem diminuindo distâncias.
Dessa forma, a comunicação e a educação se relacionam e precisam caminhar sempre juntas para que a EAD seja possível e se torne uma realidade cada vez mais presente entre nós.

Comunicação e educação: passado e presente

Há cerca de quarenta anos atrás, a comunicação entre as pessoas era bastante prejudicada e diferente dos dias de hoje. Ninguém, na redondeza, tinha acesso a jornais, revistas, telefone ou televisão. O correio até hoje não chega até a localidade onde moro. Havia apenas um rádio de pilhas colocado num local alto e só o pai, dono da casa, tinha acesso a ele. O rádio era coberto com um paninho para protegê-lo e era a relíquia da família. Quando era ligado, principalmente em programas de música sertaneja, várias famílias se reuniam para ouvir.
A comunicação, entre as pessoas que estavam distantes, era feita por cartas ou bilhetes que não eram enviados pelo correio e sim entregues por pessoas conhecidas.
À noite, a família se reunia ao redor do fogão a lenha para ouvir histórias dos antepassados (guerra, viagens de carreta de bois, assombração) contadas pelos adultos e que fascinavam e até assustavam as crianças.
Os jovens se reuniam nos domingos à tarde na casa de algum conhecido para conversarem, tomar chimarrão, ouvir e cantar músicas ao som do violão, colher e comer frutas da época.
Entre as crianças havia muita diversão, pois, por não haver muitos recursos, os brinquedos e brincadeiras eram criados por elas mesmas. O xodó da época eram as rodas cantadas como Ciranda, cirandinha, Viuvinha, A canoa virou, O trem de ferro.
Atualmente, as pessoas têm acesso aos jornais, revistas (não há correio, mas conseguem, pois as pessoas ou familiares estudam ou trabalham na cidade), rádio, televisão, aparelho de som, vídeo, DVD, computador, internet e, principalmente, ao telefone, desde os mais velhos até crianças de pouca idade, essas inclusive são as que apresentam mais desenvoltura e facilidade na manipulação de aparelhos eletrônicos. Não é usado mais carta e sim o telefone para mandar recados e mensagens.
As famílias quando se reúnem não é para trocar ideias e sim, em silêncio, frente à televisão ou computador.
As brincadeiras de roda dificilmente acontecem nas famílias, até mesmo pelo número reduzido de filhos. No entanto, algumas escolas se preocupam em resgatá-las.
Assim como na comunicação, na educação na comunidade também ocorreram várias mudanças num curto espaço de tempo.
No passado, apenas uma professora lecionava para cerca de cinquenta alunos, atendendo de 1ª a 5ª série, merenda, direção, limpeza e manutenção da escola. Na zona rural, os encontros religiosos (missas, terços, novenas) eram feitos na escola e a professora sempre participava, sendo também a catequista e atraía grande número de pessoas. O professor era muito mal remunerado, mas tinha o respeito e valorização da comunidade, era uma autoridade e aconselhava alunos e pais.
Na hora do recreio, as meninas maiores aprendiam a bordar e fazer crochê. Os meninos brincavam de Caçador de Campo.
Toda informação que se tinha era obtida na escola, principalmente por parte da professora a na figura dela é que estava o saber. Os alunos caminhavam até seis ou sete quilômetros para chegar na escola e a merenda era precária. Todos estudavam numa sala só numa mesa grande com bancos.
Em dias de chuva, as faltas eram frequentes devido aos poucos recursos. Os alunos também faltavam muito na época do plantio e colheita para ajudar os pais na lavoura. Isso aumentava muito os índices de reprovação e evasão. Quem conseguia concluir a 5ª série já era, praticamente, adulto e tinha o emprego garantido.
O material escolar que se tinha era um lápis preto com a borracha na ponta, um caderno de doze folhas e um bloco feito pelos pais com papel de embrulhos (papel que enrolava as mercadorias compradas no armazém, pois não havia embalagens plásticas). O livro era comprado pelos pais e servia para todos os filhos, passando dos maiores para os menores. Os meninos levavam o material no bocó, usado a tiracolo, e as meninas carregavam numa sacolinha, também de pano.
Nos dias de hoje, os alunos têm todos os recursos e materiais necessários e, muitas vezes, não valorizam o estudo e desrespeitam colegas e professores. Eles dispõem de toda uma estrutura organizada especialmente para eles e sua aprendizagem, como biblioteca, transporte, merenda variada e de boa qualidade, salas confortáveis (com ventilador, ar condicionado, bebedouro), uma professora ou até mais de uma para atender uma única turma com, no máximo, trinta alunos. Além disso, todos têm acesso aos mais variados meios de comunicação e fontes de informação. Sobram estímulos, recursos e materiais didáticos e faltam valores, que a escola sem cessar tenta resgatar.

O local onde vivo



            Moro numa localidade que hoje tem acesso a novas tecnologias e todos podem deslocar-se com algum conforto, mas tudo isso foi conquistado com muito esforço, ao longo de vários anos de história.
            Provavelmente, no início do século XIX, um casal com seus filhos procurando um local para se instalar e garantir seu sustento seguiu uma trilha e chegou até um local plano, mas no alto de um monte, tendo como vista uma bela paisagem. Ali criaram seus filhos, fizeram sua lavoura plantando o essencial para o sustento de sua família como milho, feijão, aipim e criaram alguns animais. Com o passar dos anos, os filhos casaram, tiveram filhos e uma dessas crianças era meu avô. Outras famílias chegaram e a comunidade foi crescendo. Os meios de transporte e locomoção usados eram o cavalo, a carreta de bois e a pé. A única fonte de informação até então eram as histórias contadas pelos pais e conhecidos. Ainda não havia escola e algumas crianças andavam mais de 5 km até chegar ao colégio da comunidade vizinha.


Da esquerda para a direita, a primeira moradora do local, sua filha, neto, bisneta e tataraneto, compondo 5 gerações da família Luz.
Quando um avião passou pela primeira vez na comunidade causou grande espanto, principalmente pelo barulho, as pessoas se escondiam pensando estar acabando o mundo.
            O tempo passou, meu avô cresceu e virou um homem, conheceu minha avó que era professora, casaram-se e foram morar na antiga casa dos pais dele. Por volta de 1963, na sala desta casa, foi fundada a escola da comunidade. Meus avós mudaram-se para uma nova casa e a escola passou a funcionar próxima a esta, num prédio próprio, mas muito simples, com apenas uma sala. A merenda era feita na casa da minha avó, a professora, que atendia cerca de cinquenta alunos de 1ª a 5ª série. Ela era também a catequista e as missas, terços, crisma, 1ª comunhão, novenas eram realizados na escola.
                       
Por volta de 1980, muitos moradores haviam saído da comunidade e outras localidades vizinhas, indo para a cidade em busca de melhores condições.
Garantir o sustento da família, que geralmente era numerosa, não era fácil. O principal produto do local, produzido até hoje, é a cana-de-açúcar que nos engenhos se transforma em melado, a base da fonte de renda dos moradores.
                      
O que não era plantado precisava ser comprado na venda da comunidade vizinha. Os produtos como arroz, açúcar, farinha de trigo não eram embalados e sim vendidos a kg e colocados e embrulhos de papel. Estes eram passados com ferro a brasa, cortados e feitos blocos que serviam de caderno para as crianças estudarem.
As mulheres que tinham oportunidade seguiam o magistério, como foi o caso da minha mãe e minhas três tias, estas que exercem a profissão até hoje.
Em 1990, dois acontecimentos aceleraram o progresso do local: a abertura e ensaibramento da estrada e a instalação da rede elétrica, melhorando muito a vida dos moradores.
Hoje é possível deslocar-se ou comunicar-se com outras regiões com mais facilidade. As pessoas também podem sair para trabalhar fora, diversificando sua fonte de renda. Ainda se planta para subsídio da família, se cultiva cana, faz melado e cachaça, se cria gado, porco, mas há outros meios de sobrevivência, havendo pedreiros, professores, industriários, aposentados, estudantes, entre outros.
O que caracteriza os moradores dessa localidade e o povo do município, de modo geral, é a simplicidade e a luta constante por melhores condições de sobrevivência. Aqui se conseguiu a escola, o município conquistou o pólo e ambos vão seguindo sem esquecer as origens humildes e buscando progressos, educação e a realização de sonhos.
                       

           

O que me faz feliz

Criança fica feliz
Com bolo de chocolate
Mas o que me faz feliz
É saber que posso ensinar-lhes
O gosto de uma boa história

Gente grande fica feliz
Ao ver uma tarefa cumprida
O que me faz feliz
É ver que posso colaborar nessa construção

Criança fica feliz
Ao brincar de boneca, mamãe e filhinha
Eu fico feliz
Quando por engano me chamam de mãe

Gente grande fica feliz
Pelos amores correspondidos
E o que me faz feliz
É ver que tenho os meus amores

Criança fica feliz
Com brincadeiras na pracinha
Eu fico feliz em saber
Que posso ensinar-lhes a brincar com as letras

Gente grande fica feliz
Ao encontrar os amigos, tomar um chope
Mas o que me faz feliz
É saber que eu tenho várias amizades
E são verdadeiras

Enfim, o que me faz feliz
É sorriso de criança
Abraço de amigo
E sorvete de chocolate

O que me faz feliz
É pai e mãe por perto
Experiência de vó e vô
Harmonia na família

O que me faz feliz
É ouvir “eu te amo” de manhã
É um beijo de boa noite
É um carinho, um cafuné


O que me faz feliz
É brisa do mar batendo no rosto
Comer a fruta lá no pomar
Sentir o cheiro do mato, da flor
E a imensidão do céu

O que me faz feliz
É saber que não tenho tudo
Mas tudo que eu tenho
É realmente importante e essencial
Para que me sinta mais feliz.