terça-feira, 5 de abril de 2011

Educação e comunicação

Por volta de 1950, para ouvir uma notícia usava-se um aparelho chamado galena, semelhante a um rádio que apenas uma pessoa conseguia ouvir e contava para os outros. Hoje um telefone celular, por exemplo, é também rádio, fotografa, tem acesso à internet e uma pessoa, ao ligar para outra, consegue vê-la na tela.
Num espaço de tempo considerado curto, 60 anos, a evolução foi enorme, trazendo consequências para a educação, já que os meios de comunicação influenciam a vida das pessoas. A educação também obteve progressos, porém esses não ocorreram na mesma proporção.
Há cerca de 40 anos, já existia a televisão e, assim como ela, o telefone era luxo para poucos. No entanto, na zona rural, os progressos demoraram um pouco mais para chegar, até mesmo pelo baixo poder aquisitivo da maioria dos moradores. O rádio de pilhas era um bem valioso, apenas o pai podia tocar nele, tinha um lugar especial na casa e as famílias se reuniam para ouvir músicas sertanejas, jogos da copa, acompanhar as eleições e outras notícias importantes. A televisão chegou ao interior uns anos mais tarde, era de catorze polegadas, preto e branco e a bateria. Para recarregá-la percorriam quilômetros a pé ou a cavalo, mas todo esforço era recompensado na hora da novela.
Parece que as pessoas dialogavam muito mais! Hoje é possível falar ou receber informações, em tempo real, do outro lado do mundo. No entanto, o computador não é capaz de transmitir afeto, brilho nos olhos, carinho. Sentimentos esses que muito se via na família reunida ao redor do fogão a lenha contando histórias, nos grupos de jovens que nos domingos conversavam, tomavam chimarrão, cantavam e se divertiam e nas crianças que, com poucos recursos, brincavam de rodas cantadas, bolas de pano ou pesadas abóboras que as meninas imaginavam ser suas bonecas.
É claro que os meios de comunicação facilitaram muito a vida das pessoas, oportunizando-as o acesso a uma gama imensa de informações, mas não se pode simplesmente classificar a época do radinho a pilha como antiga ou ultrapassada. Nesse tempo, tudo o que era feito (o trabalho, as brincadeiras, as histórias) vinha carregado de valores, significado, pois se tratavam da cultura daquele povo.

As novas tecnologias trouxeram muitos avanços
em todas as áreas e na educação, claro, também provocou mudanças pois os meios de comunicação interferem diretamente na vida das pessoas. É possível comunicar-se com o outro lado do mundo, conhecer pessoas, ter praticamente todas as informações possíveis para qualquer tema que se imagine. No entanto, o que deve ser feito com tudo isso? Se não melhora a vida das pessoas e suas relações essa imensidade de informações não tem sentido algum. É comum vermos, atualmente, nas famílias brasileiras, o pai assistindo TV na sala, as crianças no quarto e a mãe na cozinha, todos frente a uma televisão e cada um assistindo a um programa diferente. E o diálogo? Os meios de comunicação, as novas tecnologias são excelentes, nos proporcionam muitas possibilidades, mas precisam ser usadas com moderação, bom senso e consciência.
Quanto à educação, há quarenta anos, apenas uma professora atendia cerca de cinquenta alunos, de 1ª a 5ª série, fazia a merenda e também limpava e administrava a escola. Esta estava fortemente ligada à religiosidade da comunidade e a professora era também catequista e organizava os encontros religiosos. O professor era muito mal remunerado, mas tinha o respeito e a valorização da localidade, sendo uma autoridade e um conselheiro para alunos e pais. O conhecimento era transmitido nas salas de aula e o professor era considerado uma fonte de saber. Os textos e livros eram lidos, mas não analisados criticamente e o aluno tinha uma postura passiva, de mero receptor do conhecimento.
O material escolar que se tinha era um lápis preto com a borracha na ponta, um caderno de doze folhas e um bloco feito pelos pais com papel de embrulhos (papel que enrolava as mercadorias compradas no armazém, pois não havia embalagens plásticas). O livro era comprado pelos pais e servia para todos os filhos, passando dos maiores para os menores. Os meninos levavam o material no bocó, usado a tiracolo, e as meninas carregavam numa sacolinha, também de pano.
Nos dias de hoje, os alunos têm todos os recursos e materiais necessários e, muitas vezes, não valorizam o estudo e desrespeitam colegas e professores. Eles dispõem de toda uma estrutura organizada especialmente para eles e sua aprendizagem, como biblioteca, transporte, merenda variada e de boa qualidade, salas confortáveis (com ventilador, ar condicionado, bebedouro), uma professora ou até mais de uma para atender uma única turma com, no máximo, trinta alunos. Além disso, todos têm acesso aos mais variados meios de comunicação e fontes de informação. Sobram estímulos, recursos e materiais didáticos e faltam valores, que a escola sem cessar tenta resgatar.
Atualmente, é valorizada a ideia da construção do conhecimento, em que os alunos podem expressar suas opiniões, e suas vivências e particularidades são respeitadas e valorizadas.
Educação e comunicação estão fortemente relacionadas, pois para ensinar e aprender é necessário comunicar-se. No entanto, ambos evoluíram, mas não na mesma proporção. Enquanto a comunicação possibilita, por exemplo, o ensino a distância em que os alunos interagem e se ajudam estando cada um em sua casa, ainda, na educação, existem escolas nos moldes do ensino tradicional.
Pensando um pouco mais sobre a comunicação, é possível perceber que ela proporciona muitos benefícios e facilidades, mas também apresenta aspectos negativos, ligados ao mau uso e à utilização inconsciente e inadequada da tecnologia, como alienação frente à televisão e, principalmente, o computador. Nesse há muitos sites proibidos (pornográficos, drogas, que manipulam e estimulam bulimia, anorexia, consumismo) e até crimes são cometidos por meio dessa máquina como pedofilia, roubo e corrupção.
Por outro lado não podemos esquecer o lado positivo de todos os avanços tecnológicos: o acesso a um grande número de informações e acontecimentos de todas as partes do mundo em tempo real, manter contato com parentes e amigos distantes e os cursos a distância.
A EAD (Educação a Distância) proporciona inúmeros benefícios, como: estudar sem precisarmos sair de casa; comunicar-se com várias pessoas ao mesmo tempo; aprendizagem por meio da pesquisa, investigação e reflexão; autonomia do aluno na organização do seu tempo de estudo; intercâmbio maior de saberes (possibilitando comunicação em rede, de várias pessoas ao mesmo tempo); incentivo à colaboração, trabalho coletivo e ajuda mútua; praticidade; troca de experiências, esclarecimento de dúvidas e modificação dos resultados rapidamente; além do equilíbrio entre as necessidades e habilidades individuais e as do grupo. As dificuldades enfrentadas para usufruir desses benefícios foram a pouca experiência nessa modalidade de ensino, insegurança no uso do computador como principal ferramenta de estudo e a ocorrência de aulas presenciais em dias não favoráveis para todos. Para superá-las o grupo se reúne, debate, conversa, se ajuda mutuamente, por telefone troca informações sobre o curso e se organiza. Isso acontece não só entre o grupo, mas com outras colegas também.
Já, em relação ao povo do campo, que é o foco do nosso curso, os meios de comunicação e, principalmente, a EAD contribuem no aperfeiçoamento dos professores para trabalharem com a sua realidade (alunos do campo), levam para esse meio a tecnologia e muitas informações e contribuem diminuindo distâncias.
Dessa forma, a comunicação e a educação se relacionam e precisam caminhar sempre juntas para que a EAD seja possível e se torne uma realidade cada vez mais presente entre nós.

Um comentário:

  1. oi Gioconda!
    Adorei a tua história, era realmente assim que as pessoas viviam antigamente, com a modernidade e a tecnologia perdemos um pouco do calor humano e a atenção das pessoas, principalmente por causa da tecnologia...
    Um abraço!
    Gisela.

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